ELEIÇÃO 2018: Sem Lula e Joaquim Barbosa na disputa, votos brancos e nulos disparam em pesquisa

ELEIÇÃO 2018: Sem Lula e Joaquim Barbosa na disputa, votos brancos e nulos disparam em pesquisa

Por Edmilson Pereira - Em 7 anos atrás 756

O afunilamento de candidaturas para a Presidência não tem se revertido em maior clareza do cenário eleitoral. Nos cenários sem Lula, enquadrado na Ficha Limpa, com o ex-ministro do STF Joaquim Barbosa fora da disputa, aumentou significativamente o número de eleitores que se declaram sem candidato. É o que mostra pesquisa Datafolha divulgada ontem. Os votos brancos, nulos e indecisos bateram em 34%, em “primeiro lugar” na corrida. Em abril, o maior patamar registrado havia sido de 28%.

A desistência de Barbosa era esperada como um fator de mudança. No entanto, as intenções de voto obtidas por ele em abril (8% a 10%) não fortaleceram nenhum concorrente em especial. Lula, embora preso, mantém-se na liderança, com 30%. Sem o petista, o pré-candidato do PSL, Jair Bolsonaro, assume a dianteira, com 19%. Potenciais substitutos de Lula, Fernando Haddad e Jaques Wagner continuam com desempenho pífio — 1%.

Se m Lula, a ex-senadora Marina Silva (Rede) aparece na segunda posição, entre 14% e 15%. Ciro Gomes (PDT) tem de 10% a 11% e aparece empatado tecnicamente com Geraldo Alckmin (PSDB), que marcou 7%. No pelotão com intenção de voto entre 1% e 2% estão Manuela D’Ávila (PC DO B) e Rodrigo Maia (DEM). Os demais pré-candidatos tiveram 1% ou menos.

Em todos os cenários do primeiro turno, Manuela D’Ávila (PCdoB) e Rodrigo Maia (DEM) oscilam entre 1% e 2%. Os
pré-candidatos Aldo Rebelo (SDD), Fernando Collor de Mello (PTC), Flávio Rocha (PRB), Guilherme Afif Domingos (PSD), Guilherme Boulos (PSOL), Henrique Meirelles (MDB), João Amoêdo (Novo), João Goulart Filho (PPL), Josué Alencar (PR)e Levy Fidelix (PRTB) oscilam entre 0% e 1%. Paulo Rabello de Castro (PSC) não alcança 1% em nenhum cenário.

Os cenários pesquisados este mês são diferentes dos que foram considerados em abril. Por isso, os resultados dos dois levantamentos não são perfeitamente comparáveis. A pesquisa, com margem de erro de dois pontos percentuais, foi realizada com 2.824 eleitores de 174 municípios, na quarta e quinta-feira da semana passada.

A sondagem mostrou que a crise dos caminhoneiros não alterou o cenário eleitoral. Diferentemente da avaliação do presidente Michel Temer, que viu sua taxa de rejeição bater novo recorde — 82%. Em abril, ela era 70%.

O que dizem campanhas e pré-candidatos

O deputado federal Jair Bolsonaro (PSL-RJ) divulgou um vídeo ontem, pelo Twitter, em que tenta desacreditar o levantamento do instituto.

— Estou bem pra baixo e no segundo turno perderia para todo mundo. Datafolha: continuas pagando vexame — disse o deputado federal.

Marina aparece na disputa presidencial como a principal favorecida por uma saída de Lula. Ela herdaria, segundo o levantamento, de 17% a 18% dos eleitores do petista. Entretanto, a maior parte deles (38% a 40%), quando Lula é retirado da eleição, migra para o grupo dos sem candidato.

— Temos ainda que buscar formas de dialogar com os cerca de 30% de eleitores que poderiam votar em branco, nulo, em ninguém ou ainda não sabem em quem irão votar. A eleição suplementar esse ano no Tocantins serve de alerta: quase a metade dos eleitores votou nulo, branco ou se absteve. A sociedade está indignada e com toda razão — afirmou Marina, que promete manter o tom “propositivo” da campanha.

Para 32% dos entrevistados, Lula deveria apoiar Ciro se não puder concorrer. Coordenador da campanha do pedetista, o irmão Cid Gomes atribuiu o desempenho de Marina ao recall da eleição passada:

— As pessoas estão muito alheias ainda, não se ligaram nem na Copa quanto mais na eleição. Boa parte da pesquisa agora é lembrança de nomes e a Marina é a única que foi candidata a presidente nas últimas eleições, ficou em terceiro lugar.

O resultado do Datafolha deu combustível para o PT manter a estratégia de insistir no nome de Lula até se esgotarem todos os recursos jurídicos.

Segundo o Datafolha, 30% dos eleitores dizem que votariam com certeza num candidato indicado pelo petista e 17%, talvez. Integrante da Executiva Nacional do PT, o deputado José Guimarães (CE) avalia que Haddad e Wagner crescerão:

— Isso não é real. As pessoas não sabem que eles são candidatos do Lula.

Para a campanha tucana, o aumento de eleitores sem candidatos é natural porque a população não está interessada em fazer o debate neste momento. O processo decisório, dizem articuladores de Alckmin, acontece nas últimas semanas da campanha. O coordenador do programa de governo, Luiz Felipe d’Avila disse que o resultado é “positivo”.

 

— Mostra que, apesar do mau humor com a política, Alckmin é o candidato mais competitivo no centro. O ponto é como unir o centro, diminuir o número de pré-candidatos e passar a ter mais tempo de TV do que todos os outros — disse d’Avila.

Oscilando entre 0% e 1% das intenções de voto, o ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles (MDB) afirma que o resultado já era esperado.

— São resultados absolutamente naturais. Não há grandes mudanças em relação às pesquisas anteriores. Quem já era conhecido, está pontuando. Isso ocorre porque a legislação para a pré-campanha é muito restritiva e impõe grande dificuldade para quem não é conhecido.

Redação e o Globo